Resenha - O Pequeno Príncipe.
Em certos momentos acredito que há muito a se dizer sobre
essa obra, muito o que observar, refletir, questionar, ponderar. Mas então vejo
o quão fantástica ela é, e que não há o que falar, mas sim o que sentir, viver,
experimentar. Essa não seria a maior lição? Pensar menos? Estipular menos
rótulos e viver, sentir e se permitir? Quando li me senti extremamente comovida
pela forma como fui tocada, desnudando a alma e buscando uma criança há muito
ali escondida.
O pequeno príncipe foi escrita por Antoine de Saint-Exupéry
e publicada em 1943, originalmente com o título “La Petit Prince”. Adquiri uma
edição feita pela Editora Escala (2015) a qual conta com as aquarelas originais
do autor, pela bagatela de R$4,99 nas Lojas Americanas. O livro é relativamente
pequeno, tanto em tamanho quanto em páginas (91 páginas), e possui linguagem de
fácil interpretação e compreensão, podendo ser lido por qualquer faixa etária.
A história baseia-se em um Príncipe de um planeta distante e minúsculo que se
aventura pelos demais ate chegar na Terra, mais propriamente, no deserto. Em
contrapartida temos um piloto que foi desencorajado desde criança por adultos,
cujo avião apresenta uma pane e cai no deserto. Com o desenho de uma cobra
comendo um elefante e um carneiro numa caixa começa a aventura dos dois ao
longo de oito dias.
Pergunto quem nunca ouviu falar na famosa raposa? Ou na
frase “O essencial é invisível aos olhos”? Essa, dentre tantas outras frases
que se encontram no livro, levam a questionar crenças e o que esta sendo feita
de uma vida cada dia mais atribulada e corrida. Leva a nos questionarmos sobre
onde foi parar aquela criança que confiava no que ia além dos olhos e se
permitia sonhar. Você sabe por que a deixou apagar?
Ler este livro causa uma fé inenarrável no homem, naquilo
que não pode ser visto com os olhos, em algo muito aquém as bases sociais e
racionais de conhecimento. Este livro mostra que o ser humano é apenas mais um
grão, egoísta e prepotente, na infinidade do universo, que há muito mais do que
pode ser concebido. Mostra que apesar de belas, as estrelas são solitárias e
abrigam segredos inimagináveis, que nem sempre a beleza e o brilho são sinônimos
de felicidade. Mostra que o amor não caminha com o orgulho e lembra quantas
oportunidades já foram perdidas por falta de humildade. Mostra que vaidade,
grosseria, ganância, entre tantas outras atitudes, servem apenas para afastar
as pessoas e muitas das vezes a luta é por alguma batalha desconhecida, mas
você esta ali apenas porque alguém disse que era certo e você se contentou com
isso. Mostra que as atitudes dizem mais do que o seu coração e implora para que
demonstre mais os sentimentos e nunca será uma causa perdida.
A história do pequeno príncipe é atemporal sendo fonte de
inspiração independente quem a esteja
lendo, ela fala de como as crianças são persistentes, acreditam no mais, não se
contentam com um “por que”, mas estão sempre desdobrando em muitos outros e em
como elas não abandonam suas crenças, sua fé naquilo que trazem como verdades.
Falta isso para a maioria dos “adultos”, seja pela vida, circunstancias mais
variadas ou qualquer outro fator, mas perder essa capacidade nos torna maduros
perante os demais. Lendo o livro, percebi o tanto de momentos que perdemos por
agir assim e comecei a questionar se de fato valeu a pena. Dizem que o mundo é
dos doidos, será que ser doido é sinônimo de ser criança? Se for, por que não
somos todos doidos então? Sentimos falta de ser criança, mas não nos permitimos
voltar a ser uma.
Certas coisas acontecem porque uma força maior tem tudo
planejado e sabe o momento certo para ser. Para mim essa força é Deus, mas
fique a vontade para dar o nome ou sentido que se sentir mais a vontade. O que
sei é que se o Príncipe não acreditasse no mais ele não teria ido parar naquele
deserto. Se o avião não tivesse dado pane o piloto não iria parar naquele
deserto. Então eles não teriam tido o encontro que mudou a vida dos dois. O
Príncipe poderia ter ficado em qualquer um daqueles países e seria comodo, ou
poderia ter ser apegado aquela flor que o tratava tão mal. Mas não, ele quis
mais. Seremos o Príncipe? O Piloto? Ou o adulto que vê um chapéu ao invés da
cobra que engoliu o elefante?
Livro indicadíssimo!
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